Na disciplina de Português, os alunos do 8ºA, da professora Isabel Farinha, escreveram e fizeram-nos chegar, "Páginas de Diários", abordando a temática da situação pandémica em que vivemos.
Partilhamos aqui os trabalhos enviados, que revelam a visão das nossas alunas, Beatriz Santos e Sofia da Ribeira.
"Estamos em tempos
difíceis. Não só Portugal, mas todos no mundo. Foi declarada uma pandemia, por
causa deste Covid’19 (Corona Vírus). Foi declarado pela primeira vez em
Portugal, Estado de Emergência! As fronteiras fecharam e a economia está quase
parada. Estamos a ter trabalhos da
escola para fazer em casa, uma vez que as escolas estão fechadas e estamos em
quarentena voluntária.
Tenho de admitir, não
tem sido fácil! Mudar a rotina toda, estar longe dos amigos e familiares,
adotar outras regras e não poder tocar nas pessoas, nem mostrar afeto, é
difícil. Estar fechado em casa por não sei quantos dias… Se calhar se
estivéssemos de férias também estávamos em casa (como nas férias de verão), mas
a “obrigação” de estar em casa, só piora tudo e faz parecer que é muito pior
ficar em casa do que realmente é.
Nos primeiros dois
dias, estava bem. É sempre aquilo de ser “novidade”. Mas para o terceiro,
quarto dia, estava a começar a dar em maluca! Já eram alguns dias sempre com a
mesma pessoa (o meu irmão, pois os meus pais estavam a trabalhar), a estar com
ele vinte e quatro horas por dia, com uma nova rotina, com tudo o que se
passava no país e no mundo, e com a televisão sempre a mostrar as noticias
sobre o vírus e quantas pessoas estavam infetadas, que já não estava a ir muito
bem. Também estava e ainda estou assim por causa do medo. Porque as coisas não
acontecem só aos outros. Medo de que pessoas da minha família, e mesmo eu,
ficassem infetadas. Sei que nestas alturas, não se pode ter medo nem pânico,
mas são sentimentos tão inconscientes que não conseguimos controlar.
Percebi que não podia
continuar assim. Então, segui o conselho de algumas youtubers e influenciadoras
da Internet (que nesta altura tem sido fundamental para nos distrairmos) e
comecei a fazer a minha rotina como se fosse para a escola ou para outro sítio.
Levantar, fazer a higiene pessoal, vestir… São pequenas coisas que fazem tanta
diferença, que dizem ao nosso cérebro que não é para ficar o dia todo no sofá,
e sim sermos mais produtivos. Estabelecer um horário para fazermos todas as
coisas que temos de fazer. E claro, arranjar também tempo para nós, aproveitar
agora que podemos fazer coisas que durante o tempo de aulas não conseguimos.
Sim, é difícil não
tocar nas pessoas, mas podemos continuar a exprimir o nosso amor oralmente. É
para um bem maior. Quanto mais tempo continuarmos a “furar” as regras, por mais
tempo isto vai continuar. Não vamos simplesmente ignorar o que tem acontecido
em todo o mundo. Por isso acho que as pessoas têm de ser responsáveis e tomar
todas as precauções necessárias.
Foi bom escrever este
“diário” para desabafar um bocado!"
Beatriz SantosNº5, 8º A - Pernes
sábado, 20 de março de 2020
"O COVID19 é um vírus perigoso que mudou por
completo as nossas vidas.
Deixámos de ter aulas, o que noutra altura
até podia ser bom, mas essa altura não é agora.
As nossas rotinas mudaram muito em
vez de acordar cedo, despachar-me, ir para a escola e encontrar os meus amigos,
agora acordo mais tarde, despacho-me, faço alguns trabalhos de casa e se quiser
falar comos meus amigos tem de ser através de um ecrã.
Um dos sentimentos que eu mais tenho sentido
é medo, medo de estar infetada, medo de respirar quando estou ao pé de muita
gente, medo de tocar em alguma coisa que tenha o vírus, medo de ligar a
televisão e ver o número de infetados.
Eu tenho tentado fazer a minha vida o mais
normal possível, tento manter-me ocupada e passar o máximo tempo com a minha
família. O meu pai ainda continua a trabalhar, o que me assusta um pouco,
embora eu saiba que ele só trabalha com mais uma pessoa. É estranho como a vida
pode mudar em um mês, se olharmos para trás, um mês, estávamos nós a festejar o
carnaval sem a menor ideia que um mês depois estaríamos “proibidos” de sair de
casa.
Espero que isto tudo acabe mais
depressa possível e que fique tudo bem para nós podermos sair de casa e começar
a fazer a nossa vida normal."
Sofia da Ribeira nº23, 8ºA-Pernes
Agradecemos os vossos testemunhos e partilhas!
Parabéns pelos vossos trabalhos!